sábado, setembro 29, 2007

Estado. País. Condomínio.

Não consigo compreender aqueles que constantemente confundem o Estado com o País. Alternam os dois termos, sem critério algum, como se fossem sinónimos. Esta falta de claridade de visão resulta no equivalente a confundir um prédio com a empresa do condomínio, a gestão do espaço comum com o todo de que fazemos parte integrante. Não termos este posicionamento, resulta em que não podemos ser críticos do Estado sem ser, ao mesmo tempo, críticos do País. Tal é uma negação de uma liberdade básica em democracia e cuja aplicação só tem como consequência uma perda de auto-estima, dada a auto-crítica implícita. É já tempo de olharmos para o primeiro-ministro, não como "dono da casa" mas como "governanta".

quarta-feira, setembro 26, 2007

The Economist: Google - A superpotência da Internet enfrenta desafios


Num artigo publicado na sua edição de 30 de Agosto de 2007, a revista The Economist faz uma análise bastante lúcida sobre a Google, enquanto empresa, e sobre os seus cada vez mais necessários serviços e produtos.

Trata-se de uma empresa que viu as suas acções altamente valorizadas em bolsa, tento tido capacidade de comprar cada vez mais empresas e, portanto, conhecimento e soluções sem ter que as desenvolver de raiz. Isto permitiu que o seu leque de serviços, grátis aliás, se tornassem cada vez mais utilizados. Os pontos positivos destas funcionalidades são conhecidos de todos e cada vez mais explorados por empresas, particulares, universidades e centros de conhecimento.

Porém, a revista The Economist alerta para o facto de que esta empresa se tem tornado, literalmente, num banco. Não num banco no sentido financeiro (embora movimente milhões), mas sim num banco de informação, de índole pessoal, comercial, etc...

O slogan inicial da empresa era «don't be evil». No entanto e à medida que a empresa fica exposta a riscos e possíveis crises no mercado de capitais, o autor do artigo preocupa-se com a sua fidelidade a este slogan inicial, denotando o risco que poderia advir para o mundo inteiro de uma possível mudança de tom na actuação da Google, uma verdadeira superpotência a quem praticamente todos estamos ligados.

Leia o artigo aqui: http://www.economist.com/opinion/displayStory.cfm?Story_ID=9725272

quarta-feira, setembro 19, 2007

O Panteão Nacional e o Humanismo, por Frederico Brotas de Carvalho


Aquilino é transladado hoje para o Panteão Nacional em nome "da avaliação da sua obra literária". Não foi escrutinado por um outro critério: O valor da defesa do humanismo!

A banda da GNR interpretará , hoje, ao longo da cerimónia o Hino Nacional e ainda uma marchade Luiz de Freitas Branco. Na ocasião(1908), este artista e humanista português ficara em estado de "choque" com o regicídio, até por se convenceu que seu pai também teria sido morto.

De facto a família real não foi apenas seriamente afectada com a morte do pai e do filho mais velho.
Foi também condenada à morte por uma irmandade que integrava Aquilino. Buiça e Costa mortos, não foram acompanhados, na mesma irmandade, por uma confissão do escritor. Pelo contrario, a sua vida ,nas décadas que se seguiram, tomaria uma via de muito maiores comodidades e aburguesamentos.

41 anos antes, em 10 de Junho de 1867, Vitor Hugo escrevia a propósito da abolição da pena de morte, a Eduardo Coelho, director do diário de Noticias: " ...Felicito o vosso parlamento, os vossos pensadores, os vossos escritores e os vossos filósofos. Portugal dá o exemplo à Europa. Desfruta de antemão essa imensa gloria. A Europa imitará Portugal. Morte à Morte! Guerra à Guerra! A liberdade é uma cidade imensa da qual somos todos cidadãos. aperto-vos a mão como a meu compatriota na humanidade."

O panteão nacional está reservado a politicos artista e pensadores, tal como Hugo em Paris, que comunguem dos valores do humanismo em toda a sua vida.

Resta esclarecer se durante a primeira parte da vida em que se declarava germanófilo, presumo proprussiano, Aquilino também pugnava pelos valores da democracia humanista.

De facto é desajustado e precipitado eleger Aquilino para a transladação apenas sob o critério do valor da "Obra Literária".

Se vivemos verdadeiramente numa sociedade democrática e humanista, nunca é tarde para rever estas atitudes e faze-las reverter, com as novas informações que, agora, sob investigação mais aturada, venham à vir superficie.

domingo, setembro 16, 2007

PÚBLICO: Alerta para crise no Darfur reúne cerca de cem pessoas em Lisboa


Cerca de 100 pessoas participaram hoje, Dia Mundial por Darfur, numa concentração no Largo de Camões, em Lisboa, para alertar a comunidade internacional para a crise humanitária que afecta aquela região do oeste do Sudão.

Manifestações semelhantes realizaram-se em mais de 30 países para exigir uma acção urgente que ponha fim à violência em Darfur, onde quatro anos de guerra civil provocaram mais de 200 mil mortos e 2,4 milhões de deslocados e refugiados, segundo números das Nações Unidas.

Em Lisboa, a concentração foi organizada pela Plataforma "Campanha por Darfur", que reúne sete organizações não-governamentais (ONG), e que está também a promover uma petição para ser entregue à presidência portuguesa da União Europeia para que este "drama humanitário" seja debatido na Cimeira UE-África, prevista para Lisboa a 8 e 9 de Dezembro.

"Darfur pode parecer distante para os portugueses, mas neste momento Portugal tem uma maior responsabilidade para actuar, já que assume a presidência da União Europeia", disse à Lusa a vice-presidente da Amnistia Internacional (AI), Zé Justino, adiantando que "é urgente preparar a força de manutenção de paz da ONU", decidida em Agosto no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

A vice-presidente da AI sublinhou que é igualmente importante que os líderes internacionais pressionem o governo sudanês para que "não aproveite este período de preparação das forças de manutenção de paz para continuar ou aumentar a violação dos direitos humanos".

A concentração de hoje pretendeu ainda, segundo Zé Justino, informar a sociedade civil sobre o "drama" de Darfur, uma vez que "muita gente desconhece a crise" que se vive nesta região. A mesma responsável manifestou-se satisfeita com o número de portugueses na iniciativa, considerando que a organização "não estava à espera de um concentração imensa".

O padre Leonel Claro, dos Missionários Combonianos, disse à Lusa que as ONG "apenas têm força para alertar para o problema", não tendo capacidade para resolver a situação. Por isso, "chamamos a atenção das autoridades internacionais para os problemas da segurança, para a ajuda humanitária urgente e para a concretização de acordos de paz", disse o padre.

Também presente na concentração, o eurodeputado do CDS-PP José Ribeiro e Castro, que em Junho esteve no Sudão no âmbito de uma missão da União Europeia, sublinhou que o Darfur "necessita de uma acção urgente" por parte da comunidade internacional, nomeadamente uma "mobilização mais acelerada" no que toca ao envio da força de paz.

No entanto, o deputado europeu considerou que a comunidade internacional está a fazer muito, destacando o Programa Alimentar Mundial, agência das Nações Unidas da qual depende a segurança alimentar de cerca de três milhões de pessoas.

No Largo de Camões foi ainda inaugurada uma exposição com fotografias sobre Darfur e feita uma síntese da situação humanitária.

Os cerca de 100 portugueses que se concentraram em Lisboa fizeram ainda um “minuto de barulho” pelos homens, mulheres e crianças daquela região do Sudão, além de terem colocado nos olhos uma venda preta, durante 30 segundos, para que não permaneçam indiferentes à crise.

sábado, setembro 15, 2007

quinta-feira, setembro 13, 2007

«This is not cojones, this is cowardice.»




Mais uma vez o governo demonstra subservientemente, ao não receber o Dalai Lama, que é uma colónia de interesses internacionais.

Onde está a postura direita?, a sua dignidade?, a capacidade de decisão interna sem cedência a interesses internacionais abstractos?
Portugal está nas mãos de pessoas que acham que é melhor não «incomodar» a China do que ter a liberdade (sim, porque é disso que se trata) de receber quem achar bem.

Um governo manietado, um governo que não é livre, não é um governo saudável para este país. Como pode isto continuar assim?

Entre ministros iberistas e outros chinesistas, isto vai de mal a pior.

Não aprecio muito a figura de John Howard, primeiro-ministro da Austrália, mas teve a capacidade de dizer aos chineses que se mantivessem afastados de assuntos internos australianos (aquando da recepção por parte do governo do Dalai Lama), «arriscando» os milhões de dólares do volume de negócio Austrália-China.

Quanto ao caso presente em Portugal, nas sábias palavras de Madeleine Albright, embora sobre outro assunto (perdoem o estrangeirismo), «This is not cojones, this is cowardice.».

sexta-feira, setembro 07, 2007

Manuais Escolares

O logro dos manuais escolares em Portugal é incrível. Ricos e pobres são forçado a gastar rios de dinheiro desnecessariamente, sob pretextos pouco plausíveis. O que haveria de errado, para além do corte nos lucros das editoras, em haver um sistema de "caução", onde os estudantes pagavam o custo dos livros no início do ano, mas sendo este montante devolvido aos mesmos no final do ano lectivo se os livros voltassem em boas condições? No ano seguinte, os mesmos livros poderiam ser utilizados por outros alunos. A História de Portugal, por exemplo, é algo que não se pode mudar. Bons manuais decerto não necessitarão de actualizações anuais.

segunda-feira, setembro 03, 2007

Palavras Sábias

"...nunca mais quero saber do Estado português - o que me dá muito maior liberdade para saber de Portugal." - Agostinho da Silva

domingo, setembro 02, 2007

Foi criado o Instituto da Democracia Portuguesa

Na foto (desde a direita): Dom Duarte de Bragança, Mendo de Castro Henriques e Miguel Chaves no acto da Escritura do IDP.


(Excertos dos Estatutos)


I
Instituição

1º A Associação denominada Instituto da Democracia Portuguesa é instituída nos termos da Lei e dos presentes Estatutos e doravante é designada por Associação.


II
Princípios Fundamentais

1º Para a Associação, Portugal é e deverá ser sempre um Estado independente.

2º A Associação defende a necessidade de Portugal evoluir politicamente para uma sociedade mais democrática no âmbito do princípio de soberania popular e no pleno respeito pelo Estado de Direito, nomeadamente através da liberdade de definição
constitucional da forma de governo.

3º O disposto no parágrafo 1º não prejudica a integração europeia de Portugal, salvaguardada a personalidade jurídica do Estado português como sujeito de direito internacional, com capacidade jurídica internacional igual à dos outros Estados que integram a União Europeia, sem prejuízo de especificidades institucionais
comunitárias que não inibem essa personalidade e essa capacidade.


III
Objecto

O objecto da Associação é a realização de estudos, colóquios, seminários, visitas e viagens de estudo


IV
Finalidade

1º A finalidade da Associação é o aprofundamento da Democracia em Portugal como Estado independente no âmbito da União Europeia.

2º A realização desta finalidade decorre de iniciativas culturais e de realização de estudos e pareceres e respectiva divulgação em todas as vertentes publicamente relevantes.

3º A divulgação referida no parágrafo anterior implica a tomada de posição sobre as causas, eventos, candidaturas, projectos políticos e quaisquer outros assuntos considerados relevantes para o futuro de Portugal, nos termos dos presentes estatutos.

4º A Associação mais incorpora na sua finalidade o estudo e o poder de deliberação sobre questões globais da actualidade.

5º A Associação trabalhará com todas as entidade que se revêem nos príncipios fundamentais da cláusula II, colaborando em iniciativas propostas por essas entidades, e sugerindo outras iniciativas.

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Na sequência do acto de constituição da Associação denominada Instituto da Democracia Portuguesa, ao abrigo dos artigos nº167 e seguintes do Código Civil, reuniram-se pela primeira vez e a título informal na sua sede em Lisboa, aos nove dias do mês de Agosto e na presença do Presidente Honorário, o Senhor Duque de Bragança, todos os elementos que presenciaram o referido acto de constituição e que pretendem assim manifestar a sua vontade inequívoca de pertencer ao Instituto da Democracia Portuguesa na qualidade de associados.

Dom Duarte de Bragança, Presidente Honorário
Gonçalo Ribeiro Telles
Mendo Castro Henriques
António Feijó
Miguel Mendonça Chaves
Frederico Brotas de Carvalho
Ricardo Abranches
Rodolfo Bacelar Begonha
Manuel Amaral
Leonardo de Melo Gonçalves
Inês de Mena de Mendonça
Joao Mattos e Silva
Pedro Castro Henriques
Margarida Oliveira
David Nuno Mendes Garcia
António Rosas Leitão
Luis Miguel Loia Reis
Luis David e Silva
Otto Czernin
Manuel Ferreira dos Santos
Bento Moraes Sarmento;
André Teotónio Pereira

sábado, setembro 01, 2007

Princípio e Fim do Mundo do Meio

Mundo do Meio. Podia-se resumir o mundo no seu estado actual com esta expressão apenas.

Já se escreveram inúmeras linhas sobre o armagedão, o apocalipse, enfim, todas as formas possíveis para o «fim do mundo». Também se explorou por infindáveis avenidas os princípios remotos do Universo, tentando sondar esse início que, apesar de tudo permanece misterioso.
Esta é a perspectiva do ponto de vista cronológico, ou seja, aplicando as palavras «princípio» e «fim» como definições temporais. No entanto estes são também vocábulos que se prestam a definir conceitos morais e éticos - princípios - e aplicações concretas e práticas - os seus fins. Ora, acontece que por interessante analogia, nos encontramos hoje no Mundo do Meio.

Passo a explicar.
Um exemplo: expressão hoje utilizada ou implícita na geopolítica e na conduta política: «os fins justificam os meios». Somos quase que governados pelos «meios» de comunicação social, ou media na sua designação internacional, que aliás denota e transmite exactamente o mesmo sentido. Também hoje já não conta a viagem ou a experiência, mas sim o «meio» de transporte que se utiliza. E diga-se, desde a publicidade às conversas de café, todos andam obcecados com o «meio» de reprodução, mais do que com uma salutar construção de uma família e sociedade. Também é tomado como sagrado aquilo que vem do «meio» científico, dando lugar a que se explore por explorar sem para pensar e reflectir sobre se se deve ou não seguir certos caminhos. Sendo também verdade que o «meio» académico já viu melhores dias - tanto relativamente a si próprio como à visão que outros têm dele.

Muitos outros «meios» há que pautam a nossa existência, mas estes «meios» bastam para demonstrar que a sociedade premeia o «médio», o «intermédio», o «efémero», o «denominador comum», a «estatística» e finalmente a «média». É um mundo, agora sim, sem princípios nem fins, pois dispõe apenas de «meios».

O Mundo do Meio é uma fabricação que em tudo corresponde à qualidade mediana dos «meios» que o compõem. Apenas desejo que mais e mais pessoas olhem para os princípios, aplicando-os aos seus próprios fins. Talvez seja este princípio, o fim, do Mundo do Meio.