quinta-feira, março 22, 2007
Desocracia
O que uma letra apenas faz.
Hoje, em Portugal, apressamo-nos rapidamente para uma Desocracia, ou seja, o governo de um Sócrates.
Com a concentração da influência sobre as agências de informação, com a atitude autocrática, com o agora comum "quero posso e mando" do primeiro-ministro (& companhia), Portugal, enquanto nação cultural, não enriquece nem enriquecerá qualitativamente.
O paradoxo da nossa democracia (ou tentativa de) está hoje visível: o que fazer quando um partido (e no caso actual, um partido centrado numa cultura de personalidade do seu líder) tem maioria absoluta e não enfrenta nenhum tipo de oposição eficaz (nem interna, nem externa, nem do chefe de estado, nem da sociedade em geral). Por onde anda a democracia propriamente dita?
Escrevo sobre o actual governo como poderia escrever sobre qualquer um, de qualquer partido, na mesma situação. É gravíssimo que não haja nenhum representante independente e supra-partidário que coloque os governos no seu devido lugar: um grupo de pessoas que são pagas para administrar o Estado e que têm de prestar contas aos cidadãos. Este prestar de contas não pode ser feito de 4 em 4 anos por qualquer expressão de sentimento ou estado de alma, deve ser antes uma atitude permanente de respeito por parte dos governos por aqueles que os elegeram. Um governo não lidera uma Nação, é apenas o motor que põe em movimento a máquina que é o Estado. Seria bom que tanto os governantes como os governados tomassem consciência disto - para os primeiros terem mais humildade e para os segundos não estarem à espera que os primeiros sejam a resposta a todos os problemas.
Esta humildade que espero de um governo, aplicada ao chefe de estado seria, aqui sim, nefasta. Li na Visão da semana passada que uma senhora que sempre votou em Cavaco está hoje desiludida, pois a humildade que apreciava se confunde hoje, na sua opinião, com cobardia. «Estamos perdidos...», acrescenta.
Não estamos perdidos, mas também não estamos achados. O que decerto não podemos estar é reféns de uma situação onde o chefe de estado está ligado aos partidos que deveria "fiscalizar" e, resultado da sua chamada humildade, não intervém como deveria.
A Democracia assim não existe. Assim vamos andando... hoje em desocracia, amanhã quem saberá? A matriz dos princípios da organização do Estado deveria ser uma constante e não algo que dependa de personalidades mais ou menos democráticas.
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