quarta-feira, setembro 19, 2007

O Panteão Nacional e o Humanismo, por Frederico Brotas de Carvalho


Aquilino é transladado hoje para o Panteão Nacional em nome "da avaliação da sua obra literária". Não foi escrutinado por um outro critério: O valor da defesa do humanismo!

A banda da GNR interpretará , hoje, ao longo da cerimónia o Hino Nacional e ainda uma marchade Luiz de Freitas Branco. Na ocasião(1908), este artista e humanista português ficara em estado de "choque" com o regicídio, até por se convenceu que seu pai também teria sido morto.

De facto a família real não foi apenas seriamente afectada com a morte do pai e do filho mais velho.
Foi também condenada à morte por uma irmandade que integrava Aquilino. Buiça e Costa mortos, não foram acompanhados, na mesma irmandade, por uma confissão do escritor. Pelo contrario, a sua vida ,nas décadas que se seguiram, tomaria uma via de muito maiores comodidades e aburguesamentos.

41 anos antes, em 10 de Junho de 1867, Vitor Hugo escrevia a propósito da abolição da pena de morte, a Eduardo Coelho, director do diário de Noticias: " ...Felicito o vosso parlamento, os vossos pensadores, os vossos escritores e os vossos filósofos. Portugal dá o exemplo à Europa. Desfruta de antemão essa imensa gloria. A Europa imitará Portugal. Morte à Morte! Guerra à Guerra! A liberdade é uma cidade imensa da qual somos todos cidadãos. aperto-vos a mão como a meu compatriota na humanidade."

O panteão nacional está reservado a politicos artista e pensadores, tal como Hugo em Paris, que comunguem dos valores do humanismo em toda a sua vida.

Resta esclarecer se durante a primeira parte da vida em que se declarava germanófilo, presumo proprussiano, Aquilino também pugnava pelos valores da democracia humanista.

De facto é desajustado e precipitado eleger Aquilino para a transladação apenas sob o critério do valor da "Obra Literária".

Se vivemos verdadeiramente numa sociedade democrática e humanista, nunca é tarde para rever estas atitudes e faze-las reverter, com as novas informações que, agora, sob investigação mais aturada, venham à vir superficie.

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