
Cerca de 100 pessoas participaram hoje, Dia Mundial por Darfur, numa concentração no Largo de Camões, em Lisboa, para alertar a comunidade internacional para a crise humanitária que afecta aquela região do oeste do Sudão.
Manifestações semelhantes realizaram-se em mais de 30 países para exigir uma acção urgente que ponha fim à violência em Darfur, onde quatro anos de guerra civil provocaram mais de 200 mil mortos e 2,4 milhões de deslocados e refugiados, segundo números das Nações Unidas.
Em Lisboa, a concentração foi organizada pela Plataforma "Campanha por Darfur", que reúne sete organizações não-governamentais (ONG), e que está também a promover uma petição para ser entregue à presidência portuguesa da União Europeia para que este "drama humanitário" seja debatido na Cimeira UE-África, prevista para Lisboa a 8 e 9 de Dezembro.
"Darfur pode parecer distante para os portugueses, mas neste momento Portugal tem uma maior responsabilidade para actuar, já que assume a presidência da União Europeia", disse à Lusa a vice-presidente da Amnistia Internacional (AI), Zé Justino, adiantando que "é urgente preparar a força de manutenção de paz da ONU", decidida em Agosto no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
A vice-presidente da AI sublinhou que é igualmente importante que os líderes internacionais pressionem o governo sudanês para que "não aproveite este período de preparação das forças de manutenção de paz para continuar ou aumentar a violação dos direitos humanos".
A concentração de hoje pretendeu ainda, segundo Zé Justino, informar a sociedade civil sobre o "drama" de Darfur, uma vez que "muita gente desconhece a crise" que se vive nesta região. A mesma responsável manifestou-se satisfeita com o número de portugueses na iniciativa, considerando que a organização "não estava à espera de um concentração imensa".
O padre Leonel Claro, dos Missionários Combonianos, disse à Lusa que as ONG "apenas têm força para alertar para o problema", não tendo capacidade para resolver a situação. Por isso, "chamamos a atenção das autoridades internacionais para os problemas da segurança, para a ajuda humanitária urgente e para a concretização de acordos de paz", disse o padre.
Também presente na concentração, o eurodeputado do CDS-PP José Ribeiro e Castro, que em Junho esteve no Sudão no âmbito de uma missão da União Europeia, sublinhou que o Darfur "necessita de uma acção urgente" por parte da comunidade internacional, nomeadamente uma "mobilização mais acelerada" no que toca ao envio da força de paz.
No entanto, o deputado europeu considerou que a comunidade internacional está a fazer muito, destacando o Programa Alimentar Mundial, agência das Nações Unidas da qual depende a segurança alimentar de cerca de três milhões de pessoas.
No Largo de Camões foi ainda inaugurada uma exposição com fotografias sobre Darfur e feita uma síntese da situação humanitária.
Os cerca de 100 portugueses que se concentraram em Lisboa fizeram ainda um “minuto de barulho” pelos homens, mulheres e crianças daquela região do Sudão, além de terem colocado nos olhos uma venda preta, durante 30 segundos, para que não permaneçam indiferentes à crise.
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