domingo, setembro 16, 2007

PÚBLICO: Alerta para crise no Darfur reúne cerca de cem pessoas em Lisboa


Cerca de 100 pessoas participaram hoje, Dia Mundial por Darfur, numa concentração no Largo de Camões, em Lisboa, para alertar a comunidade internacional para a crise humanitária que afecta aquela região do oeste do Sudão.

Manifestações semelhantes realizaram-se em mais de 30 países para exigir uma acção urgente que ponha fim à violência em Darfur, onde quatro anos de guerra civil provocaram mais de 200 mil mortos e 2,4 milhões de deslocados e refugiados, segundo números das Nações Unidas.

Em Lisboa, a concentração foi organizada pela Plataforma "Campanha por Darfur", que reúne sete organizações não-governamentais (ONG), e que está também a promover uma petição para ser entregue à presidência portuguesa da União Europeia para que este "drama humanitário" seja debatido na Cimeira UE-África, prevista para Lisboa a 8 e 9 de Dezembro.

"Darfur pode parecer distante para os portugueses, mas neste momento Portugal tem uma maior responsabilidade para actuar, já que assume a presidência da União Europeia", disse à Lusa a vice-presidente da Amnistia Internacional (AI), Zé Justino, adiantando que "é urgente preparar a força de manutenção de paz da ONU", decidida em Agosto no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

A vice-presidente da AI sublinhou que é igualmente importante que os líderes internacionais pressionem o governo sudanês para que "não aproveite este período de preparação das forças de manutenção de paz para continuar ou aumentar a violação dos direitos humanos".

A concentração de hoje pretendeu ainda, segundo Zé Justino, informar a sociedade civil sobre o "drama" de Darfur, uma vez que "muita gente desconhece a crise" que se vive nesta região. A mesma responsável manifestou-se satisfeita com o número de portugueses na iniciativa, considerando que a organização "não estava à espera de um concentração imensa".

O padre Leonel Claro, dos Missionários Combonianos, disse à Lusa que as ONG "apenas têm força para alertar para o problema", não tendo capacidade para resolver a situação. Por isso, "chamamos a atenção das autoridades internacionais para os problemas da segurança, para a ajuda humanitária urgente e para a concretização de acordos de paz", disse o padre.

Também presente na concentração, o eurodeputado do CDS-PP José Ribeiro e Castro, que em Junho esteve no Sudão no âmbito de uma missão da União Europeia, sublinhou que o Darfur "necessita de uma acção urgente" por parte da comunidade internacional, nomeadamente uma "mobilização mais acelerada" no que toca ao envio da força de paz.

No entanto, o deputado europeu considerou que a comunidade internacional está a fazer muito, destacando o Programa Alimentar Mundial, agência das Nações Unidas da qual depende a segurança alimentar de cerca de três milhões de pessoas.

No Largo de Camões foi ainda inaugurada uma exposição com fotografias sobre Darfur e feita uma síntese da situação humanitária.

Os cerca de 100 portugueses que se concentraram em Lisboa fizeram ainda um “minuto de barulho” pelos homens, mulheres e crianças daquela região do Sudão, além de terem colocado nos olhos uma venda preta, durante 30 segundos, para que não permaneçam indiferentes à crise.

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